O desabamento da Casa da Feitoria Velha, posteriormente rebatizada de "Casa do Imigrante", é mais um trágico capítulo na trajetória do patrimônio cultural da antiga Colônia Alemã de São Leopoldo.
Antes de tudo - e frente aos empurra-empurras de responsabilidades, típicos destes momentos - é preciso lembrar que o princípio constitucional é de co-responsabilidade de todos os entes públicos e da sociedade na promoção e proteção do patrimônio cultural brasileiro. A solução independe quem é proprietário, de quem tombou, de quem está mais próximo - a responsabilidade é e era de todos, e deve ser construída, assessorada e viabilizada conjuntamente.
Há um detalhe esquecido e muito silenciado - o de que o principal problema do imóvel, o telhado, parece ter se agravado após uma intervenção repleta de problemas técnicos, efetuada por uma construtora como contrapartida pela demolição de outros imóveis históricos da cidade. Na época, a publicidade positiva foi grande, mas hoje poucos parecem dispostos a lembrar e colar sua marca nesta "boa ação".
Enfim, aquilo que seria um problema simples de conservação preventiva do telhado, inclusive de solução pouco dispendiosa, tornou-se um fator de colapso da edificação após poucos anos de abandono.
Além do desafio de articular diferentes instâncias pela recuperação do que sobrou do imóvel, é importante de que esse processo de recuperação seja realizado com pleno domínio técnico e conceitual.
É preciso entender o documento histórico tal como hoje se apresenta, os valores simbólicos dos quais é portador e as perdas deixadas pelo colapso.
Restauro é muito mais do que recuperar a integridade visual da edificação a partir de alguma idealização. Restaurar presume uma investigação exaustiva do imóvel, ou do que dele restou, e a Casa da Feitoria Velha ainda aguarda estudos mais aprofundados.